Dra. Eloíza Quintela

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Histologia do fígado

 

O fígado é constituído principalmente de células hepáticas, ou hepatócitos. Em cortes histológicamente preparados, pode-se observar unidades estruturais chamadas lóbulos hepáticos. Em humanos, os lóbulos estão em íntimo contato, o que dificulta a sua observção. Na periferia dos lóbulos, existe uma massa de tecido conjuntivo rico em ductos biliares, vasos biliares, nervos e vasos biliares. Assim, entre cada lóbulo, existe uma área chamada de espaço porta. Em cada um deles existe um ramo da artéria hepática, um ducto (que se liga ao ducto biliar) e vasos linfáticos.
Os ductos biliares são revestidos por um epitélio cubóide, e transporta, até a vesícula biliar, passando pelo ducto hepático, a bile, sintetizada pelos hepatócitos.
Os hepatócitos estão dispostos ao redor dos lóbulos hepáticos, formando placas celulares; estas placas possuem capilares, chamados de sinusóides, que se caracterizam pelas suas dilatações irregulares. As células endoteliais desses capilares estão separados dos hepatócitos apenas por uma lâmina basal. Portanto, o sangue passa pelos capilares, e os seus metabólitos atravessam rapidamente as células endoteliais, chegando rapidamente aos hepatócitos, devido ao seu íntimo contato. Esta rápida troca metabólica é importante não somente para a absorção de nutrientes provenientes da dieta, mas também para a secreção de metabólitos sintetizados nos hepatócitos.
Os sinusóides possuem macrófagos, denominados Células de Kupfer, encontrados na luz dos capilares. Essas células atuam metabolizando hemáceas velhas, digerindo suas hemoglobinas, secretando imunosubstâncias e destruindo possíveis bactérias que tenham penetrado pelo sistema porta.


O fígado por ser o órgão em que ocorre a maior parte das reação metabólicas, qualquer difunção deste, é de uma grande preocupação. A maior parte das doenças do fígado é acompanhada por Icterícia, ou seja, o doente fica com a pele em um tom amarelado.
Uma doença típica é a Hepatite, que tem origem viral. Ela pode ser classificada em tipo A, B, C, D, E.
Outra doença é a Cirrose, que é causada pela formação de tecido fibroso no fígado, substituindo o tecido morto.
Hemocromatose é uma doença genética que afeta o fígado.
Câncer de fígado é uma anormalidade nos hepatócitos, que se multiplicam descontroladamente, gerando sérios agravamentos.
Icterícia é o amarelamento da pele, da esclera dos olhos, e das mucosas devido ao alto nível de bilirrubina no sangue. Quando as hemáceas morrem, o grupo heme da hemoglobina das hemáceas é transformada em bilirrubina no baço. Essa bilirrubina é processada no fígado, e compõe a bile, sendo assim excretada; porém com o mau funcionamento do processamento da bilirrubina no fígado, esta se acumula no sangue. Em recém-nascidos, a icterícia pode ocorrer devido ao subdesenvolvimento do retículo endoplasmático liso dos hepatócitos, o que impede o bom funcionamento do processamento da bilirrubina. Ela pode ser tratada com a exposição à luz azul de lâmpadas fluorescentes, pois esta transforma a bilirrubina em um fotoisômero hidrosolúvel, que permite a sua eliminação pelos rins.


A Hepatite é caracterizada por dores abdominais, febre, icterícia e dilatação do fígado. Com a morte dos hepatócitos, o tecido conjuntivo associado cresce nessas áreas afetadas, criando uma área fibrosa, caracterizando a Cirrose.
A Hepatite A é transmitida por um enterovírus, que pode entrar no organismo por comida contaminada. Este vírus causa a forma aguda da doença. Porém, o sistema imunológico produz anticorpos contra esse vírus, o que confere imunidade a uma infecção futura. Já existe vacina para este tipo de hepatite.
A Hepatite B causa a forma aguda e a crônica do doença em pacientes incapazes de eliminar o vírus. Ele pode ser transmitido através de transfusão de sangue, tatuagens, contato sexual, ou pela via placento-fetal. O sistema imunológico produz anticorpos contra o vírus da hepatite B, porém estes não são suficientes para cessar com a infecção, que se estabelece no DNA dos hepatócitos infectados. Logo, a contínua produção de vírus combinada com os anticorpos é a principal causa da doença do complexo imunológico. Já existe vacina para esse tipo de hepatite.
A Hepatite C ainda é desconhecida em muitos aspectos, porém sabe-se que não é transmitida sexualmente, mas sim por contato sangüíneo. Ela gera a forma crônica da hepatite, culminando na Cirrose. Ela pode ser assimtomática por até 20 anos. Pacientes com hepatite C tendem a contrair hepatite A e B também. Não há ainda vacina disponível.



A Cirrose é o resultado dos danos no hepatócitos pelas toxinas ou problemas metabólicos. Pois com a morte dos hepatócitos, este se repostos por tecido fibroso, alterando a conformação do fígado, o que diminui o fluxo sangüíneo por ele. Com essa diminuição do fluxo sangüíneo, o baço se hiperatrofia. O doente de cirrose apresenta as palmas das mãos avermelhadas, pontos vermelhos pelo corpo, hipertrofia das parótidas e fibrose nos tendões das mãos. A cirrose não tem cura mas tem tratamento que pode diminuir os efeitos desta.
A Hemocromatose é uma doença genética, que causa o acúmulo de ferro no sangue, devido a uma falha no processamento desta no dieta. Um gene anormal não produz a sua proteína que reduz a absorção de ferro, portanto o corpo passa a ficar com altas concentrações de ferro no sangue. Esse ferro é armazenado como Ferritina. Depois passa a ser armazenado como um produto da ferrtina, a hemosiderina, que é extremante tóxica aos tecidos. Ela causa Cirrose, resistência a insulina (o que pode causar o diagnóstico de Diabets Mellitus), além de disfução erétil. O melhor tratamento é o controle da dieta, evitando carnes vermelhas, ricas em ferro.
O Câncer de fígado é caracterizado como um descontrole na divisão celular do hepatócitos. Pode ser tratado com a remoção cirúrgica do tumor, ou através da quimioterapia, que destrói as células com alta taxa de divisão (principal caracterítica do câncer), porém esta pode afetar células com alta taxa de mitose, como as células-tronco hematopoéticas.
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina


Hepatite aguda por virus B. Hepatócitos balonizados, colestase (A. 345)

Necrose hepática submaciça
(A. 68)

Hepatite crônica em evolução para cirrose. Necrose em saca-bocado (A. 293, corte maior)

Hepatite crônica por virus B em evolução para cirrose. Hepatócitos em vidro fosco (A. 182/69, corte menor)

Hepatite neonatal ou de células gigantes (A. 261, corte menor)

Esteatohepatite alcoólica. Alteração hialina de Mallory
(A. 293, corte médio)

Cirrose pós-necrótica (A. 182/69, corte maior)

Cirrose biliar (A. 72)

Fibrose hepática esquistossomótica (A. 285)

 

 

 

Granulomas esquistossomóticos no fígado  (A. 237)

Esplenomegalia esclerocongestiva. Nódulos de Gamna-Gandy (A. 285)

Hepatocarcinoma (A. 302)

 

Colecistite crônica (A. 261, corte médio)

Pancreatite crônica esclerosante 
(A. 187)

 


 


F-48. Hepatite aguda com necrose em ponte 

F-49. Hepatite aguda com necrose submaciça

F-43. Necrose hepática submaciça por droga

F-1. Cirrose hepática micronodular; pequena esplenomegalia

F-11. Cirrose hepática micronodular

F-34. Cirrose hepática irregular (macro- e micronodular)

F-39. Cirrose hepática macronodular

F-40. Cirrose biliar por atresia do colédoco

F-2. Cirrose por atresia das vias biliares extrahepáticas + esplenomegalia

TGI-40. Cirrose biliar por calculose do colédoco 

F-3A. Esquistossomose hepática

F-3B. Esplenomegalia na esquistossomose

 

 

 

 

F-3C. Varizes de esôfago na esquistossomose

F-30. Hepatoblastoma

F-10. Carcinoma hepatocelular, forma multifocal + cirrose

F-46. Carcinoma hepatocelular, forma unifocal 

F-33. Metástases hepáticas. Hidropisia da vesícula biliar

F-17. Cálculo de colesterol fragmentado

TGI-59. Cálculo de colesterol no canal cístico. Hidropisia da vesícula biliar

F-18. Cálculos de pigmento biliar (bilirrubina)

 

F-19. Cálculos biliares mistos + colecistite crônica

TGI-45. Pancreatite crônica esclerosante

F-14. Carcinoma da cabeça do pâncreas

 

 

Fonte: http://anatpat.unicamp.br/