Dra. Eloíza Quintela

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Encefalopatia Hepática

22/04/2015 16:39:59

Encefalopatia Hepática

A encefalopatia hepática (também denominada encefalopatia porto-sistêmica, encefalopatia hepática ou coma hepático) é um distúrbio no qual ocorre uma deterioração da função cerebral devido ao acúmulo de substâncias tóxicas no sangue, as quais são normalmente removidas pelo fígado. As substâncias absorvidas para o interior da corrente sangüínea a partir do intestino passam através do fígado, onde as toxinas são removidas. Na encefalopatia hepática, as toxinas não são removidas por causa da disfunção hepática.

Além disso, como pode ocorrer a formação de conexões entre o sistema porta e a circulação geral (como resultado da hepatopatia), algumas toxinas podem concomitantemente desviar do fígado. Uma derivação cirúrgica (bypass) para corrigir a hipertensão porta (derivação portosistêmica) pode ter o mesmo efeito. Qualquer que seja a causa, o resultado será o mesmo. As toxinas podem atingir o cérebro e afetar a sua função.

Desconhece-se com exatidão quais são as substâncias tóxicas para o cérebro. No entanto, os níveis sangüíneos elevados de produtos da degradação metabólica das proteínas (p.ex., amônia) podem ter um papel. Em um indivíduo com hepatopatia crônica (de longa duração), a encefalopatia normalmente é desencadeada por um evento como, por exemplo, uma infecção aguda ou um consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o qual aumenta o dano hepático.

Por outro lado, a encefalopatia pode ser desencadeada pelo consumo excessivo de proteínas, o que aumenta o nível de produtos da degradação metabólica das proteínas no sangue. A hemorragia digestiva (p.ex., a decorrente da ruptura de varizes esofágicas) também pode acarretar um acúmulo de produtos da degradação metabólica das proteínas, o qual pode afetar diretamente o cérebro. Alguns medicamentos (sobretudo alguns sedativos, analgésicos e diuréticos) também podem desencadear a encefalopatia. Quando a causa desencadeante é removida, a encefalopatia pode desaparecer.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas da encefalopatia hepática são decorrentes de uma diminuição da função cerebral, especialmente o comprometimento do nível de consciência. Nos primeiros estágios, o indivíduo pode apresentar alterações sutis do raciocínio lógico, da personalidade e do comportamento. Ele pode apresentar alteração do humor e a sua capacidade de julgamento pode ser comprometida. Com a evolução do distúrbio, o indivíduo normalmente torna-se sonolento, confuso e sua fala e seus movimentos tornam-se lentos.

A desorientação é comum. Um indivíduo com encefalopatia pode tornar-se agitado ou excitado, mas isto é incomum. As crises convulsivas também são incomuns. Finalmente, o indivíduo pode apresentar perda de consciência e entrar em coma. Os sintomas do comprometimento da função cerebral em um indivíduo com hepatopatia representam fortes indícios para o diagnóstico. Além disso, o indivíduo pode apresentar um hálito adocicado. Quando ele estende os braços, as mãos não podem ser mantidas firmes e o indivíduo apresenta movimentos adejantes grosseiros. Um eletroencefalograma (EEG) pode ajudar no diagnóstico precoce de uma encefalopatia. Mesmo em casos leves, o EEG revela ondas cerebrais anormais. Normalmente, os exame de sangue mostram níveis anormalmente elevados de amônia.

Tratamento

O médico procura e tenta remover qualquer causa desencadeante como, por exemplo, uma infecção ou um medicamento que o indivíduo esteja utilizando. Ele também tenta eliminar as substâncias tóxicas dos calorias serão os carboidratos, os quais são administrados pela via oral ou intravenosa. A lactulose (um açúcar sintético) administrada pela via ora produz três efeitos benéficos: ela altera a acidez intestinal e, conseqüentemente, altera o tipo de bactérias presentes; ela diminui a absorção da amônia; e ela atua como laxante. (Enemas evacuadores também podem ser administrados.)

Ocasionalmente, o indivíduo pode tomar neomicina (um antibiótico) no lugar da lactulose. A neomicina reduz a quantidade de bactérias intestinais que normalmente auxiliam na digestão das proteínas. Com o tratamento, a encefalopatia hepática é freqüentemente reversível. Na realidade, a recuperação completa é possível, especialmente quando a encefalopatia foi desencadeada por uma causa reversível. Contudo, para um indivíduo em coma severo como conseqüência de uma inflamação aguda do fígado, a condição é fatal em até 80% dos casos apesar do tratamento intensivo.