O transplante e as vacinas

Os pacientes transplantados são mais suscetíveis às infecções do que a população em geral; as imunizações, nestes casos, são feitas em número maior do que as recomendadas nos calendários de vacinação de rotina.
Para esta finalidade, certas normas devem ser seguidas:

1. Monitorar cuidadosamente os anticorpos protetores do paciente, já que, muitas vezes, a imunidade induzida pela vacinação é reduzida.
2. Não levar em conta condições de suscetibilidade nem de proteção, pois a história de infecção ou vacinação prévia pode ser irrelevante nestes casos.
3. Imunizar quando se espera um máximo de resposta imune, sobretudo se a redução da resposta for previsível.
4. Levar em conta que a interrupção da imunossupressão permite uma resposta maior às vacinas.
5. Evitar o uso de vacinas vivas, exceto em circunstâncias especificas em que os dados disponíveis permitam seu uso.
6. Cogitar vacinar as pessoas que tenham contatos próximos com o paciente. Nenhum indivíduo que mantenha estreito contato com pacientes imunossuprimidos deve receber vacinas OPV( oral); nestes casos são indicadas as vacinas IPV( injetável). Se, por qualquer motivo, o individuo tiver recebido vacinas OPV, seu contato com pacientes imunossuprimidos deverá ser evitado durante um período de 4 a 6 semanas.
A - Transplante de medula óssea
Nos casos de transplante de medula óssea, se houver tempo, será conveniente considerar a história da imunização tanto do receptor quanto do doador, a fim de melhorar a memória imunológica do receptor. Mesmo assim, deve-se fazer um planejamento adequado de um esquema de vacinação pós-transplante, já que, se não houver revacinação, a perda de anticorpos protetores aumentará entre o1º e o 4º ano após o transplante.

 Intervalo necessário para a administração por tipo de vacina*

Vacinas Pós-transplante
Gripe Sim, a partir dos 12 meses. Repetir anualmente de acordo com orientação anual do MS. 
Pneumocócica Sim, a partir dos 12 meses
HIB DTP DT Sim, a partir dos 12 meses
Hepatite A e B Sim, a partir dos 12 meses ou  antes do transplante
Varicela A partir de 2 anos após o transplante, sendo que só deve aplicar se estiverem imunocompetentes, sem uso de imunossupressões e sem doença de enxerto x hospedeiro.
Meningocócica Ainda não há experiência suficiente
Tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba) A partir dos 24 meses. Só deve aplicar se estiverem imunocompetentes, sem uso de imunossupressões e sem doença de enxerto x hospedeiro.
Poliomielite (IPV- injetavel) Sim, a partir dos 12 meses.

B – Pacientes com transplante de órgão sólido
O ideal seria que todos os pacientes na etapa de Pré-transplante estivessem em dia com todas as vacinas indicadas. Se, por algum motivo, o paciente não tiver recebido a vacina BCG e precisar ser atendido com urgência, esta vacinação deverá ser suspensa. Deve-se levar em conta que, nas quatro semanas anteriores ao transplante, os pacientes não devem receber a vacina BCG, OPV
( vacina contra a pólio por via oral), varicela,sarampo, rubéola ou caxumba, devido ao risco de que, em seu estado de imunodepressão, desenvolvam a doença causada pelo microorganismo vacinal. Todas as vacinas a base de organismos vivos também são contra - indicadas, enquanto durar o tratamento imunossupressivo na etapa pós-transplante. As vacinas inativadas e de sub-unidades não oferecem risco para os receptores de órgãos sólidos. A maioria dos especialistas prefere esperar seis meses após o transplante para a administração da vacina, época em que a imunossupressão é menor. É preciso levar em conta que quanto maior a imunossupressão, menor a resposta imunológica.

Vacinas recomendadas para transplantados.

* A administração destas vacinas devem ser efetuadas na etapa de pós-transplante. É preferível que tenha transcorrido um ano do transplante, que não tenha havido rejeição do órgão transplantado e que o paciente esteja recebendo doses baixas de imunossupressores.