Diversos efeitos adversos ou colaterais podem aparecer durante o tratamento da hepatite C com o interferon e a ribavirina. O conhecimento prévio ajuda o paciente a melhor os enfrentar, assim, sem querer assustar é conveniente saber que alguns deles poderão aparecer. Nada melhor que os conhecer.
Efeitos adversos e colaterais do interferon durante o tratamento
Alopécia - Algumas pessoas experimentam perda de cabelo como um efeito adverso do Interferon, mas isso não acontece em todos os casos. A intensidade da queda do cabelo pode variar de pessoa para pessoa, mas nunca observei alguém ficar totalmente careca. O cabelo cresce depois que o tratamento termina.
Alterações psiquiátricas - Efeitos colaterais de caráter psiquiátrico são freqüentes durante o tratamento com interferon. Aproximadamente entre 20% a 40% dos pacientes tratados, o interferon pode produzir depressão, ansiedade, dificuldade de concentração, apatia, transtornos do sono, irritabilidade e inclusive tendência suicida, sintomas que podem alterar a qualidade de vida e motivar a suspensão do tratamento. Antes do tratamento é especialmente importante que todos os pacientes sejam examinados sobre uma eventual doença psiquiátrica pré existente dado que existe uma maior incidência de problemas psiquiátricos entre os indivíduos infectados com hepatite C. Durante o tratamento a detecção precoce dos sintomas é de especial relevância, mas como os médicos clínicos, os hepatologistas, gastros ou infectologistas não estão familiarizados com o tratamento das doenças psiquiátricas é indicado completar o tratamento conjuntamente com um psiquiatra.
Fadiga (Astenia) - Fadiga é um sintoma comum na hepatite C e pode aumentar durante o tratamento com interferon. É uma sensação de debilidade e falta de vitalidade generalizada, tanto física como intelectual que um número considerável de pacientes relata durante o tratamento. Curiosamente, não aparece depois de realizar um grande esforço, mas se manifesta quando desenvolvemos as atividades de rotina. Pode manifestar-se de forma constante, sem que se tenha realizado nenhum tipo de esforço. É mais freqüente nas mulheres que nos homens.
Anorexia - É normal a perda de peso. Perda do sabor dos alimentos é evidente devido à desidratação do organismo (boca mais seca) causada pelo interferon e, também, pela anemia (falta de vontade) causada pela ribavirina. Perdendo mais de 15% de peso será necessária atenção médica especializada.
Problemas auto-imunes - Antes do tratamento é importante que todos os pacientes sejam examinados minuciosamente sobre uma eventual doença auto-imune que possa existir dada a maior incidência de problemas auto-imunes entre os indivíduos infectados com hepatite C, os quais podem ser aumentados com o uso do interferon.
Hipo/hipertiroidismo - O tratamento com interferon pode produzir alterações na tiróide. Aproximadamente entre 3% a 4% dos pacientes tratados pode desenvolver hipo ou hipertiroidismo e os anticorpos antitiroideanos podem ser encontrados em até 30% dos pacientes (principalmente nas mulheres) com hepatite C. Com o uso do interferon se corre o risco de desenvolver tireoidite auto-imune sendo obrigatório a realização de exames de detecção antes de começar o tratamento. Imunidade - Um problema freqüente é a baixa imunidade durante o tratamento. O Interferon pode diminuir a quantidade dos glóbulos brancos (as células que lutam contra infecções). É muito importante evitar infecções durante o tratamento.
Leucopenia - A incidência de neutropenia com a utilização de interferon peguilado é superior à observada com o interferon convencional. A neutropenia é a causa mais freqüente de redução da dose de interferon peguilado, sendo que aproximadamente 20% dos tratados apresentam este problema, mas é possível seu controle. Como ocorre com a anemia, a descida dos neutrofilos ocorre nas primeiras semanas de tratamento, e pouco depois se estabiliza.
Manifestações cutâneas - As manifestações cutâneas constituem também um motivo freqüente nos pacientes que recebem tratamento com interferon. A pele seca, a coceira e os edemas no local no local da injeção são freqüentes quando se utiliza o interferon peguilado.
Neuropatia - A neuropatia durante o tratamento é causada pelos efeitos tóxicos dos medicamentos sobre os nervos periféricos (não afeta os nervos do cérebro nem da medula espinhal). Os sintomas são a pele dormente, perda de sensibilidade, formigamento, sensibilidade anormal, mudanças de sensibilidade que geralmente começam nos pés ou mãos.
Retinopatia - Durante o tratamento podem ocorrer problemas de visão. Se aparecerem sintomas como pupilas brancas, movimentos não controlados nos olhos ou perda de visão próxima será importante consultar imediatamente um oftalmologista.
Síndrome ou sensação de estado gripal - O mais comum dos sintomas durante o tratamento. É a sensação de febre, calafrios e dor de cabeça que normalmente ocorre poucas horas depois da aplicação do interferon, sendo mais forte na primeira aplicação e desaparecendo em sua intensidade nas seguintes aplicações.
Plaquetopenia - É a queda no numero de plaquetas causada pelo uso do interferon. As plaquetas são células sangüíneas que ajudam à coagulação do sangue.
Efeitos adversos e colaterais da ribavirina durante o tratamento
Anemia hemolítica - A ribavirina produz anemia. Esta anemia produz descidas nas cifras de hemoglobina de 2 a 3 g/dl quando se supera a dose de 800 mg/dia. Embora possa aparecer em qualquer momento durante o tratamento, normalmente ocorre nas primeiras quatro a oito semanas; é mais freqüente e pronunciada nas mulheres. Não é recomendável o uso de ferro como suplemento durante o tratamento.
Hiperuricemia/gota - Dor nas juntas e articulações.
Prurido - Pele seca podendo causar coceira, produzir placas avermelhadas na pele.
Teratogenicidade - Gravidez - Durante o uso da ribavirina e até seis meses depois de sua interrupção por qualquer indivíduo, homem ou mulher, deve se evitar totalmente a gravidez. O efeito da ribavirina pode causar deformações genéticas no feto.
Tosse - Um número considerável de pacientes relata ter tosse permanente durante o tratamento.
Transtornos digestivos - O uso da ribavirina pode dificultar a digestão dos alimentos. Podem ser notadas sensações de náusea e vomito.
Efeitos adversos menos freqüentes no tratamento com interferon e ribavirina
Auto-imunes Diabetes tipo 1 Doença celíaca Hepatite auto-imune Miastenia gravis Trombocitopenia idiopática
Pulmonares Bronquiolite obliterante Pneumonite intersticial Sarcoidose
Oculares Diminuição da acuidade visual Visão nebulosa Hemorragia retiniana Trombose da veia retiniana
Dermatológicos Erupção cutânea grave Fotossensibilidade Psoríase
Cardiovasculares Angina Arritmias Infarto agudo de miocárdio Insuficiência cardíaca congestiva Isquemia transitória Síncope
Outros Exacerbação da hepatite Formação de abscessos locais Insuficiência renal aguda
Como controlar os efeitos adversos
Em nossa página da internet as seções CONVIVENDO COM O INTERFERON e a de EFEITOS COLATERAIS ensinam algumas precauções que podem ajudar o paciente a controlar ou prevenir os efeitos adversos e colaterais do tratamento. Não existindo contra-indicação é de fundamental importância que durante todo o tratamento seja ingerida água em abundância, em pequenos goles, durante todo o dia, entre três e cinco litros por dia, assim, as toxinas dos medicamentos não se acumulam no organismo sendo eliminadas pela urina. Outra recomendação importante é que a aplicação do interferon e a ingestão da ribavirina sejam realizadas sem grandes oscilações nos horários, estudando a conveniência de iniciar o tratamento na sexta-feira ou perto do fim de semana com o objetivo de que os sintomas (no caso do interferon peguilado) interfiram o menos possível no trabalho.
Carlos Varaldo Grupo Otimismo www.hepato.com
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