Hepatite Alcoólica
Hepatite alcoólica:
É a inflamação do fígado relacionada ao uso abusivo de qualquer bebida alcoólica, sendo a quantidade necessária variável de pessoa para pessoa. Quanto maior o tempo de ingestão, maior o risco de hepatite ( inflamação ) e cirrose ( dano permanente ao fígado).
O alcoolismo é um problema comum que afeta milhares de brasileiros . Os homens são mais atingidos que as mulheres. Jovens do sexo masculino com história de alcoolismo na família e dificuldade de relacionamento fazem parte da população de risco para o alcoolismo.
Dose de álcool nociva homens x mulheres
Atualmente, considera-se que a dose de etanol necessária para causar lesão hepática depende da susceptibilidade do indivíduo. Assim, o consumo poderá variar de 20g/dia para mulheres e 40g/dia para homens até 160g/dia de etanol.
Geralmente 80% dos pacientes com Hepatite Alcoólica têm história de consumo de álcool por mais de 5 anos. A possibilidade de desenvolver a hepatite e cirrose é aumentada quanto maior a dose e o tempo de consumo de etanol.
Coinfecção com hepatites virais B ou C também aumentam a severidade da doença hepática de origem alcoólica.
As principais lesões hepáticas pelo etanol são esteatose, hepatite alcoolica, cirrose e fibrose.
A esteatose é causada pela deposição de gorduras dentro das células do fígado, os hepatócitos, sendo consideradas lesão predisponente para à hepatite alcoólica e, esta é considerada lesão pré-cirrótica.
As manifestações clínicas da hepatite alcoolica podem variar da forma assintomática até a formas graves.
Sinais e sintomas mais comuns são: aumento do fígado, icterícia( amarelão), anorexia(perda do apetite), tumores, emagrecimento, febre e dor abdominal.
Além das lesões hepáticas, o álcool pode afetar outros órgãos como coração, pâncreas e sistema nervoso, podendo levar a arritmias cardíacas, pancreatite crônica e atrofia testicular.
A hepatite alcoólica e cirrose alcoólica desenvolve-se em aproximadamente 15 a 20% dos alcoólatras. Grosseiramente quer dizer que 1 em cada 5 alcoólatras vão ter problemas de saúde grave relacionadas ao alcool. Estas pessoas poderão morrer de insuficiência hepática (fígado para de funcionar) , causado por uma hemorragia digestiva , infecção , ou insuficiência renal (rins param de funcionar). O transplante de fígado só é permitido a pacientes que se afastam do álcool por um período superior a 6 meses.
o abuso de álcool aumenta o risco de pancreatite (inflamação do pâncreas) , miocardiopatias ( doença do músculo do coração) , traumas ( secundários a acidentes por embriagues) e o desenvolvimento inúmeras doenças em recém nascidos de mães alcoólatras.
QUANTO DE ALCOOL É NECESSÁRIO PARA CAUSAR DANOS AO FÍGADO?
A quantidade de álcool é bastante variável . Algumas pessoas são extremamente sensíveis aos efeitos do álcool enquanto outras parecem ser completamente imunes. Em regra geral quanto maior a quantidade e o tempo de consumo, maior a chance de desenvolver danos ao fígado.
Consumos diários em torno de 20-40 gramas de álcool em mulheres e 80 gramas em homens levam ao desenvolvimento de cirrose em aproximadamente 10 anos.
PORQUE AS MULHERES SÃO MAIS SENSÍVEIS QUE OS HOMENS?
Sabe-se que as mulheres tem níveis menores de uma enzima conhecida como desidrogenase lática. Esta enzima é responsável pela "digestão" do álcool diminuindo a quantidade de álcool que chegará a corrente sangüínea. Por isso que a maioria das mulheres sentem os efeitos do álcool com menor quantidade ingerida.
DOENÇAS CAUSADAS PELO EXCESSO DE ÁLCOOL
1.ESTEATOSE HEPÁTICA (ACÚMULO DE GORDURA NO FÍGADO)
Pode ocorrer em pessoas que fazem consumo constante de bebidas alcoólicas e não são obrigatoriamente alcoólatras. Existe um acúmulo de pequenas bolsas de gordura no tecido hepático levando a um aumento do volume do fígado. Exames de sangue podem identificar danos precoces ao fígado. Quando a ingestão de álcool é interrompida, a esteatose hepática desaparece e o fígado se recompõe totalmente.
2.HEPATITE ALCOÓLICA
Esta é uma condição grave onde o fígado foi bastante danificado pelos efeitos do álcool. A doença é caracterizada por fraqueza, febre, perda de peso, náusea, vômitos e dor sobre o local do fígado. O fígado está inflamado causando a morte de múltiplas células hepáticas. Diferente da esteatose, a hepatite alcoólica após curada , deixa cicatrizes permanentes no fígado chamada de fibrose. A hepatite alcoólica é uma doença pode oferecer risco de vida e requer hospitalização. Com o tratamento adequado a hepatite alcoólica melhora, porém as cicatrizes permanecem para sempre.
3.CIRROSE HEPÁTICA
A cirrose é uma forma de dano permanente e irreversível ao fígado. Esta fibrose leva a uma obstrução à passagem do sangue pelo fígado impedindo o fígado de realizar funções vitais como purificação do sangue e dos nutrientes absorvidos pelo intestino. O resultado final é uma falência hepática. Alguns sinais de insuficiência hepática incluem acúmulo de líquido no abdômen - ascite (barriga d’água), desnutrição, confusão mental (encefalopatia) e sangramento intestinal Algumas destas condições podem ser contornadas por medicações, dietas e procedimentos especializados, mas o retorno a normalidade não é possível, exceto opte-se pelo transplante de fígado.
COMO SE SABE SE A PESSOA TEM ESTEATOSE, HEPATITE ALCOÓLICA OU CIRROSE?
A ultrassonografia muitas vezes é capaz de visualizar a presença de esteatose ou cirrose hepática. Exames de sangue são bastante úteis para determinar se o fígado apresenta suas funções básicas comprometidas, porém a biópsia hepática é o exame de eleição para se saber o grau de comprometimento e determinar a causa da doença. A biópsia hepática é um procedimento que pode ser realizado em clínicas ou ambulatórios não necessitando o internamento do paciente. Realizado com anestesia local , o paciente é liberado após 4 a 6 horas para retorno as suas atividade habituais recomendando-se apenas que evitem fazer qualquer esforço físico.
EXISTEM COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS A DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA?
Sim, aproximadamente um terço dos pacientes com cirrose hepática têm história de infecção pelo vírus da hepatite C e cerca de 50% terão pedras na vesícula. Pacientes com cirrose tem maior chance de desenvolver diabetes, problemas nos rins, úlceras no estômago e duodeno e infecções bacterianas severas.
QUAIS OS TRATAMENTOS DISPONÍVEIS?
O mais importante é parar de beber. Algumas vezes o fígado apresenta uma pequena recuperação, suficiente para manter as suas funções vitais permitindo a pessoa ter uma vida normal.
Quando a cirrose evolui para seu estágio final a única solução é o transplante hepático. Somente pessoas que pararam de beber por longo prazo e estão em programas de reabilitação para alcoólicos anônimos e em abstinência superior a 6 meses são considerados candidatos para o transplante.
Dieta
Hoje sabemos que há uma interação entre a toxicidade do álcool e fatores nutricionais. Por exemplo, deficiências vitamínicas podem diminuir a proteção hepática frente a exposição ao álcool.
Infeção pelo vírus da hepatite C
A infecção pelo Vírus do Hepatite C aumenta o risco e pode influenciar na progressão de lesões hepáticas em indivíduos alcoolistas.
Café e tabaco
Alcoolistas que fumam mais de um maço de cigarro por dia apresentam um risco de cirrose 3 vezes maior do que indivíduos não tabagistas.
De maneira contrária, alcoólatras que consomem mais do que 4 xícaras de café por dia apresentam uma incidência 5 vezes menor de cirrose do que os que não tomam café.
Conclusões
O consumo intenso e crônico do álcool predispões à doença hepática em indivíduos susceptíveis. Contudo, o fato de apenas uma proporção destes indivíduos desenvolverem hepatite ou cirrose, indica a importância de outros fatores como a hereditariedade, gênero, dieta e outras formas de doenças do fígado influenciando o risco para a doença hepática alcoólica.