DOENÇAS HEPÁTICAS
Além das hepatites virais, outros graves problemas podem atingir o fígado como as hepatites alcoólicas e medicamentosas, esteatose hepática, doenças genéticas (como hemocromatose, caracterizada por excesso de ferro, e Doença de Wilson, excesso de cobre) e auto-imunes. E o pior é que geralmente as doenças evoluem sem apresentar nenhum sintoma.
Icterícia, o popular amarelão, e sintoma de lesão aguda ocorrem em fases mais avançadas em conjunto com a ascite (barriga d'água) e predisposição a hemorragias. O ideal é fazer periodicamente uma avaliação laboratorial e sorológica para pessoas com fatores de risco ou expostas.
Segundo estimativas da OMS, em média de 2% a 3% das pessoas têm algum dos seis tipos existentes de hepatites (A, B, C, D, E e G). A do tipo C, para a qual ainda não há vacina, é considerada hoje um problema de saúde pública no mundo. A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta para cerca de 200 milhões de pessoas infectadas com o vírus da hepatite C (no Brasil, calcula-se três milhões) e 300 milhões de portadores de hepatite B crônica. Boa parte desconhece ser portador do vírus, já que a doença evolui silenciosamente.
O FIGADO DE PROMETEU
Prometeu é um dos titãs da mitologia grega, celebrizado pela peça teatral escrita por Ésquilo 462 anos antes de Cristo. A história narra a punição que lhe é imposta por Zeus, pelo crime de roubar o fogo da inteligência dos deuses e dá-lo aos homens. Ele é acorrentado a um rochedo onde uma ave vem dilarerar-lhe o fígado diariamente. O fígado regenera-se à noite e, assim, a punição se torna eterna, para seu azar. Para nosso azar, de pobres mortais, os problemas do fígado não têm fácil solução.
SINAIS DE RISCOS
Alguns sinais e sintomas podem indicar a ocorrência de lesão hepática: icterícia (coloração amarelada da pele e olhos); urina escura e fezes esbranquiçadas; dor e inchaço abdominais; hematomas cutâneos e sangramento digestivo; fadiga crônica, náusea e perda de apetite. Élson Vidal lembra que a prevenção é o mais importante e a pessoa deve solicitar ao médico a inclusão dos testes de função hepática e sorologias para hepatite durante os exames de rotina.
COMO SE PROTEGER
Evite consumo desnecessário de medicamentos e não misture remédios sem escutar o médico; evite consumo de drogas (além da dependência química e psicológica, drogas como cocaína, ecstasy e solventes são tóxicos para o fígado); evite consumo abusivo de bebidas alcoólicas; não misture medicamentos com álcool; evite se expor e inalar solventes; utilize máscaras em caso de exposição prolongada a inseticidas, tintas e combustíveis e luvas para manipular esses produtos, que podem ser absorvidos pela pele; utilize preservativos nas relações sexuais; não compartilhe material de manicure e de barbear; adote uma alimentação saudável e balanceada, evitando gorduras e alimentos ricos em colesterol e ingerindo doces com moderação. Certifique-se da procedência de alimentos como ostras e mariscos, que podem ser contaminados com o vírus da hepatite A.
Em caso de diabetes, é importante manter a glicemia dentro dos parâmetros recomendados pelo seu médico. A manutenção do peso é fundamental, já que a obesidade é uma das principais causas de dano hepático. Faça atividade física regular e, se estiver fazendo dieta para emagrecer, assegure-se da ingestão de vitaminas e sais minerais de que seu organismo necessita.
PREVENÇÕES E TRATAMENTOS
A hepatite B pode ser prevenida através de vacinação. Já para o tipo C, transmitida principalmente através de sangue contaminado, não há vacina e o melhor é evitar procedimentos de risco (tatuagem, piercing, uso comum de aparelhos de manicure, barbear, seringas). O vírus da hepatite C sobrevive no meio ambiente por até 72 horas e, o do tipo B, por uma semana.
Os tratamentos para as doenças hepáticas são muito eficazes atualmente, especialmente para as hepatites virais B e C.
Outras doenças hepáticas também têm tratamento, mas é importante tratar cada caso individualmente. Além disso, temos o transplante hepático com ótimos resultados.
GORDURA NO FÍGADO
A esteatose ou esteato-hepatite, conhecida popularmente como gordura no fígado, é uma doença silenciosa que atinge pessoas obesas, com colesterol ou triglicérides elevados ou com diabetes. O acúmulo de gordura no fígado, mesmo sem ingestão alcoólica, pode causar cirrose e, em alguns casos, até mesmo câncer de fígado. Mas é potencialmente reversível, se suas causas forem diagnosticadas e corrigidas,
Essa alteração no fígado mais freqüente em todo o mundo, ocorrendo em crianças e adultos. "Sabe-se que a esteatose acomete crianças acima dos 10 anos de idade, como também adultos situados na faixa etária entre 20 e 60 anos. O sexo feminino é o mais comprometido (de 60 a 80%) e mulheres diabéticas com idade superior a 50 anos teriam um maior risco de desenvolver a doença". Nos EUA, onde a população engordou muito, é conhecida como fatty liver (fígado gorduroso), estando presente em 20% da população geral e em até 40% das pessoas a partir de 50 anos.
"Os tratamentos indicados para este tipo de doença são a perda de peso a partir de uma dieta elaborada, os exercícios físicos regulares e moderados e, se necessário, correção dos níveis da glicose (se há diabetes), colesterol e triglicérides com a ajuda de medicamentos".
MITOS E VERDADES
Dor-de-cabeça não é sintoma de dano hepático. Na maioria das vezes trata-se de quadro de enxaqueca.
Os sintomas atribuídos ao fígado são, geralmente, decorrentes de doenças gástricas ou esofágicas.
Medicamentos "hepatoprotetores" (daqueles que costumam ser tomados depois de uns goles a mais ou exagero na comida) não possuem respaldo científico, bem como os chás de ervas medicinais.