Exames de sangue da tireóide
Cada vez mais os pacientes querem saber sobre os reais níveis de hormônios tireoidianos e hormônio tireóide-estimulante no sangue. Os valores normais ou a faixa de variação de referência são indicados no quadro abaixo.
A faixa de variação de referência para o T3, T4 e TSH vai variar ligeiramente de laboratório para la-boratório, dependendo da população normal usada para os cálculos e do tipo de teste utilizado para medir os hormônios. Os hormônios tireoidianos T3 e T4 são quase exclusi-vamente ligados a uma proteína na corrente sangüínea e, como tal, são inativos. Menos de 1% destes hormônios está solto ou livre e disponível para controlar o meta-bolismo do organismo.
A medida do total de T3 e T4 inclui tanto as frações liga-das e soltas, ao passo que a fração de T4 e T3 livres exclui a fração muito maior do T4 e T3 ligados. A medida do total dos hormônios tireoidianos e da fração livre geralmente fornece a mesma informação sobre o funcionamento nor-mal ou hipo ou hiperativo da tireóide. Alguns laboratórios oferecem a medida dos hormônios tireoidianos totais e ou-tros oferecem os hormônios tireoidianos livres, mas rara-mente as duas.
Faixa de variação normal dos hormônios |
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Esta tabela mostra a variação normal dos hormônios tireoidianos e TSH no sangue. O seu clínico geral ou especialista vai comparar os seus exames de sangue com estes números para avaliar a sua condição. |
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Hormônios |
Valores de Referência |
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Tiroxina total (TT4) |
60-150 nanomoles por litro (nmol/l) |
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Para aqueles com curiosidade científica, o mole é o peso molecular de uma substância em gramas.
Embora a maioria dos hormônios seja atualmente medida em unidades molares, pois considera-se que esta medida reflita a atividade hormonal mais precisamente, as medicações ainda são prescritas em unidades DE MASSA ou gramas. Uma dose de 100 mg (100 x 10-6) de tiroxina é equivalente a cerca de 130 nanomoles. |
Resultados típicos
De maneira geral, quanto mais graves os sintomas de hiper ou hipoatividade da tireóide, mais anormais são os resultados dos exames de sangue. Na maioria dos pacientes com hipertireoidismo, o TT4 vai estar em torno de 190 nmol/l, o TT3 4.0 nmol/l, o LT4 40 pmol/l e LT3 12 pmol/l. Valores muito mais altos podem ocorrer, contudo, com o LT4 acima de 100 pmol/l. Em pacientes idosos, em quem o hipertireoidismo pode ser sério com complicações cardíacas como batimentos irregulares causados pela fibrilação atrial, os níveis de hormô-nios da tireóide podem estar apenas marginalmente elevados. Em todos os pacientes com hipertireoidismo, com raras exce-ções, o TSH no sangue é tão baixo que não pode ser detectado.
Quando finalmente os pacientes com hipotireoidismo apresentam sintomas típicos, os níveis de LT4 e o TT4 estão muito baixos, com freqüências menores que 5 pmol/l e 20 nmol/l respectivamente, e estão associados com um nível elevado de TSH no sangue de mais de 30 mU/l. Raramente, o hipotireoidismo é resultado de uma doença na glândula pitui-tária e não da tireóide propriamente esta e neste caso, o LT4 ou TT4 baixo estão combinados com um nível normal ou baixo de TSH.
No hipotireoidismo leve ou subclínico (ver pág. 36), o LT4 e o TT4 ficam no limite inferior da faixa normal, por exemplo, 11 pmol/l ou 65 nmol/l e estão geralmente associa-dos a um nível de TSH sangüíneo entre 5 e 10 mU/l. Os níveis de T3 geralmente não são medidos em pacientes com suspeita de hipotireoidismo.
Acertando a dose
O seu clínico-geral ou especialista em tireóide vai geral-mente prescrever uma dose de tiroxina que aumenta o LT4 e o TT4 até a parte superior da faixa normal e diminui o TSH sangüíneo para a parte de baixo da faixa normal. Os resultados típicos seriam LT4 de 24 pmol/l ou TT4 de 140 nmol/l e um TSH de 0.2 mU/l. Alguns pacientes só se sen-tem bem quando o LT4 ou TT4 é aumentado, por exem-plo para 30 pmol/l ou 170 nmol/l e o TSH é baixo ou não-detectável. Nestas circunstâncias, é essencial que o ní-vel de T3 no sangue seja inequivocamente normal de modo a evitar o hipertireoidismo.
Se você não está tomando a sua tiroxina regularmente, isto ficará óbvio nos resultados dos exames.
O efeito de doenças na tireóide
Uma doença, seja repentina (como uma pneumonia ou um ataque do coração) ou de longa duração (como a artrite reumatóide ou a depressão), pode afetar os resultados dos exames de sangue da tireóide e causar a impressão de hipertireoidismo e hipotireoidismo. É possível que, depois de um encaminhamento para um especialista e depois de novas investigações, não se descubra nenhuma doença da tireóide.
Atenção |
Os exames de sangue da tireóide não devem ser interpretados isoladamente e o tratamento médico adequado também vai depender do exame clínico e de uma avaliação cuidadosa dos sintomas. |
Pontos centrais
- Laboratórios diferentes utilizam valores de referência diferentes.
- Quanto mais graves os sintomas de disfunção da tireóide, mais os resultados dos exames de sangue serão anormais.
- Os exames de sangue permitem que o especialista determine a dose necessária de tiroxina.
- Outras doenças podem produzir resultados de exame de sangue que sugerem, erroneamente, um hiper ou hipotireoidismo.
Fonte:Revista ISTOÉ - Guia da Saúde Familiar - Volume 15 - 02/2002